quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Os 11 principais mandamentos de Warren Buffett

No fim da década passada, muitos foram os que o criticaram, o consideram ultrapassado e defasado, justamente porque ele se negou a comprar ações de empresas de tecnologia. Mas ele se manteve firme em seu "placar interno", ele nunca esteve nem aí para os outros.

Quando a bolha no setor de tecnologia estourou, ele foi aclamado, justamente porque ele conhece e sabe que os fundamentos dos investimentos em ações são sempre os mesmos. Ele tem o incrível poder de compreender o mercado e dificilmente erra. Há quem já tenha pago milhões em troca de jantar uma noite com ele. O dinheiro, é claro, foi doado para instituições de caridade.

Por isso resolvi escrever este post e escolhi 11 dos principais mandamentos do mito que se chama Warren Buffett:

1) Invista somente nas empresas cujo o negócio você conheça;

2) Não diversifique. Invista sempre grandes somas em poucas e boas ações;
Coloque muitos ovos em poucas sextas certas.

3) Compre empresas únicas naquilo que fazem;
Essas empresas em geral não tem concorrentes à altura a ponto de colocar em risco os seus negócios.

4) Procure comprar empresas cujo os produtos sejam necessários;
Se são necessários dificilemente sofrerão grandes impactos nos períodos de crise.

5) Não compre empresas do setor aéreo;
Em geral morrem rápido. São muito poucas as que conseguem sobreviver por muito tempo.

6) Evite comprar papeis de empresas do setor de alta tecnologia;
Essas empresas vivem de inovação tecnológica e geralmente precisam investir muita grana em pesquisas comprometendo o seu fluxo de caixa.

Algo semelhante acontece com as empresas do varejo, devido a alta concorrência elas são obrigadas a trabalhar sempre com margens muito apertadas comprometendo o fluxo de caixa.

Isso também acontece com as empresas de construção civil. Devido ao alto custo para produzir elas também trabalham com margens apertadas. Warren diz que em geral as empresas de construção civil não sobrevivem à morte de seus fundadores.

7) Compre empresas cujo a gestão seja eficiente, transparente e eticamente reconhecida;

8) Pense no longo prazo;

9) Compre empresas que possuam boa geração de fluxo de caixa;

10) Procure comprar ações de empresas que qualquer um pessoa possa administrar;
Empresas como a Apple se encaixam neste quadro. Apesar de ser uma empresa formidável. Não sei o que aconteceria se o Steve Jobs morresse.

11) Somente compre empresas que estejam desvalorizadas, seja em relação ao presente, seja em relação ao futuro;
Esse é o grande truque. Os que conseguirem acertar isto serão os mais bem sucedidos.

segunda-feira, 16 de março de 2009

A crise, além de prejuízos, produz reportagens imbecis!

Pessoal,

minha revolta é com essa reportagem do site do Globo. Para começar o título: "O mito da vantagem da Bolsa no longo prazo" é ridículo. Basicamente compararam o Ibovespa (um índice de alta volatilidade) com o CDI (um índice de baixíssima volatilidade que é lastreado pela taxa Selic).

A reportagem trás duas "revelações":
  1. Entre 1999 e 2008 a rentabilidade do CDI foi de 404,84% e do Ibovespa foi de 453,51%;
  2. Um japonês que colocou dinheiro na bolsa nos anos 1980 hoje tem um terço do valor;

A primeira "revelação" é completamente leviana e sem fundamentos, por várias razões:
  1. A reportagem se aproveita da maré de baixa da Bolsa, causada pela pior crise financeira desde 1929. (Devo lembrar que a alta volatilidade faz parte da natureza deste investimento);
  2. A reportagem se refere ao Ibovespa como se o mesmo compreendesse todas as empresas negociadas na bolsa e se esquece que o índice compreende somente as ações mais líquidas (corresponde a 80% da liquidez da bolsa);
  3. A reportagem não se preocupa em informar que, mesmo em tempos de crise, algumas ações que compõem o índice apresentaram valorização (quer um exemplo? Natura(NATU3)).

A segunda "revelação" é tão leviana quanto a primeira, já que Brasil e Japão são países distintos, que vivem momentos econômicos completamente diferentes. O Japão é um país que já tem uma economia madura e que não tem problemas sociais tão graves quanto os nossos. Já o Brasil necessita muito de empregos, profissionais capacitados, investidores, escolas, universidades, hospitais, etc. e também das empresas para fornecer produtos e serviços para toda a nossa população de miseráveis. O país tem muito espaço para crescer e precisa muito disso, já o Japão também precisa, mas não precisa tanto, e por isso na última década não apresentou um crescimento expressivo. Além disso, os problemas que o Japão enfrenta hoje para crescer são diferentes dos problemas que o Brasil enfrenta.

Existe outro motivo pelo qual eu classifico essa afirmação como leviana: Eu duvido que todos os japoneses que colocaram dinheiro na bolsa em 1980 tenham hoje um terço do valor. Isto significaria que nenhuma empresa japonesa, com capital aberto na bolsa, conseguiu apresentar crescimento sustentável nos últimos 30 anos.

Por último, se olharmos por outro ângulo, a reportagem de fato prova que a Bolsa, no longo prazo, é um excelente investimento, já que nem a pior crise, que somente é comparada com a crise de 29, conseguiu fazer com que a bolsa produzisse uma rentabilidade inferior à do CDI, que, diga-se de passagem, em tempos de vacas gordas, o CDI chegou a oferecer aos investidores investimentos em renda fixa (ou seja, com menos riscos) à taxas de rentabilidade anual próximas à 45%(1999) e 25%(2002).

Leio o Globo todos os dias, acho lamentável que uma reportagem como essa tenha sido publicada. A dúvida que tenho è: ou essa reportagem foi "encomendada", ou quem a escreveu possui um conhecimento muito superficial em mercado financeiro e economia.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Guilherme Affonso Ferreira - "Quando tudo se cumpre e o preço se ajusta, é hora de sair"

Esse post foi retirado da reportagem de capa da revista ValorInveste da edição de maio de 2008. Caso haja interesse em saber mais recomendo a compra da edição.

Resolvi continuar com este post pois acho que pode iluminar os mais aflitos, em muitos aspectos essa história contém cenários semelhantes à crise atual.

Filho de um bem sucedido empresário carioca que havia se mudado para a Bahia nos anos 50, Guilherme aplicou na bolsa o caixa da empresa da família. Seu objetivo não era formar uma poupança para a aposentadoria, mas fazer crescer o caixa da Bahema Equipamentos para financiar a compra das concorrentes.

Tudo começou em 1986, quando o plano cruzeiro quebrou e cedeu lugar para plano cruzado. Um dos efeitos dessa transição foi uma quebra de bancos, que da noite para o dia deixaram de contar com os ganhos fáceis da ciranda financeira. O preço das ações dos bancos começaram a refletir a desconfiança e o medo do mercado (opa! conheço esse filme... hehehe...).

Foi então que realizou o primeiro e o maior movimento no mercado acionário. Convencido de que não existe sociedade sem sistema bancário examinou ações dos grandes bancos brasileiros, porém a escolha não foi fácil. Implicava em assumir riscos que não eram visíveis na época e só seriam visíveis anos mais tarde, quando o o plano Real venceu a inflação. Elinimou Itaú e Bradesco que já eram muito grandes, sobraram as instituições de médio porte como o Econômico, o Nacional, o Bamerindus e o Unibanco. Optou pelo banco da família Moreira Salles, o Unibanco. Os três primeiros quebraram depois de 1995, mas o Unibanco cresceu, e cresceu muito.

Em 1986-87 sua carteira de ações custava nada mais nada menos que US$ 5 milhões, hoje mais de 20 anos depois sua carteira vale a bagatela de R$400 milhões. Só no ano passado recebeu mais de R$ 9 milhões em dividendos e suas ações representam 1,2% do capital do Unibanco.

Em 1988 o estado brasileiro quebrou devido à crise da dívida externa dos países em desenvolvimento. O volume de obras obras públicas despencou e criou a oportunidade de consolidação que a família Affonso Ferreira tanto esperava.

Há 5 anos a Bahema equipamentos foi vendida por um valor equivalente a 5% da carteira de ações. A carteira virou a Bahema Participações. Houveram exemplos de outras tacadas certeiras, como foi o caso da Manah, quando o governo cortou o subsídio aos fertilizantes. Teve também a Eternit que ingressou na carteira sob protestos contra o amianto e Metal Leve, justamente quando o então presidente Collor abriu o país às importações de auto peças. Entre os fracassos estão a Colde Frigor e a Madeirite.

As novas apostas da Bahema são a Ferasa, o Pão de Açúcar, a Cremer e a Coteminas. Ao ingressar no capital de uma empresa a primeira coisa que a Bahema faz é escrever uma lista dos desejos , com tudo que a empresa poderia fazer para melhorar o seu valor. "Quando tudo se cumpre e o preço se ajusta, é hora de sair", diz.